Revelado durante o Spike Video Game Awards de 2013, No Man’s Sky chamou a atenção por ser um ambicioso jogo de exploração espacial em desenvolvimento por um time que, na época, contava com apenas seis pessoas. Com a promessa de um universo infinito para ser explorado, o hype em torno de No Man’s Sky sempre aumentava quando novas informações, trailers e entrevistas com o Sean Murray, diretor do jogo e fundador da Hello Games, eram liberadas.
Agora, três anos depois e com o jogo finalmente chegou na mão dos jogadores, é meio decepcionante jogar e perceber que No Man’s Sky acabou sendo ambicioso demais para seu próprio bem e que os 18 quintilhões de planeta pouco significam.
No Man’s Sky é, primeiramente, um jogo de exploração solitária, no qual é necessário coletar recursos para sobreviver nos planetas, fazer upgrades, explorar novos sistemas solares com a sua nave e tentar não ficar irritado logo no começo do jogo quando uma voz robótica diz que o seu inventário está cheio. O game começa até que bem, o seu primeiro planeta serve como um grande tutorial dizendo como consertar a sua nave, quais os principais elementos valiosos que você deve minerar com a sua multiferramenta e como fazer o seu motor de dobra para alcançar novos sistemas. As primeiras horas do jogo realmente trazem uma sensação de descoberta e contemplação do universo que está ao seu redor. Seja pelo animal bizarro que encontrei com oito patas ou a conquista alcançar voo pela primeira vez, a transição espacial entre planetas e espaço realmente é funcional e impressiona. O problema é o que vem daí pra frente.
Por mais que os planetas, animais e vegetação sejam feitos proceduralmente, gerando uma quantidade enorme de variações, após algumas horas de exploração é possível perceber que essas diferenças são feitas mesmo através de uma cor diferente, um esqueleto de animal um pouco maior que o anterior e um tipo de vegetação que tem uma formação distinta, diminuindo bastante o impacto produzido por uma nova descoberta.
Sem contar que, por mais variações que os planetas tenham, ele ainda são todos grandes vazios com pouco mais que pequenas instalações alienígenas para explorar, monólitos (nos quais pode se aprender a língua de uma das três raças do jogo) e materiais de crafting para melhorar seus itens. E o mesmo problema é visto no espaço, visto que as estações espaciais não passam de blocos vazios flutuantes cuja função se resume a acessar o mercado galático para comprar e vender itens.
O gameplay de No Man’s Sky também é bem simples. Uma das coisas que você mais fará no jogo é farmar itens e recursos usando uma “multiferramenta”, algo repetitivo e nem de longe tão divertido quanto a mecânica similar vista em Minecraft, Starbound ou Terraria. Outra tarefa é a descobrir novas espécies ou planetas para que você posso dar um nome para eles e registrar sua descoberta no servidor do jogo, que te recompensa com unidades, a moeda utilizada no universo de No Man’s Sky.
O game também conta com um sistema de combate com batalhas terrestres e espaciais. Quando em terra firme, os combate são restritos a sentinelas que estão ali para proteger recursos valiosos do planeta, mas elas têm impacto quase zero no gameplay, já que destruir os robôs é uma tarefa bem fácil e, em último caso, você pode simplesmente fugir para outro planeta. Já as batalhas de nave são contra piratas ou grandes cruzadores espaciais e apesar dos controles serem responsivos e a nave contar com vários tipo de assistência ao jogador, pilotar em No Man’s Sky é uma tarefa bem simples e tem uma proposta bem diferente da de simuladores complexos como Star Citizen ou Elite Dangerous.
Por mais que No Man’s Sky se proponha a ser um jogo de exploração, ele acaba sendo também um grande jogo vazio. Mesmo com um senso de grandiosidade em suas primeiras horas, logo você descobre que o jogo é, na verdade, bem repetitivo e que não há muito para fazer nos quintilhões de planetas de No Man’s Sky.
Por Caio Moura