A maior dificuldade ao crescer como um ser humano, não fica apenas em reconhecer suas falhas e tomar para si como tudo poderia ser melhor, mas principalmente aceitar o que te diminui como pessoa e digerir tal informação a ponto de ultrapassá-la da maneira correta.
Tais pensamentos corroem orgulho e drenam qualquer motivação até não sobrar nada, gerando frustração num nível em que ficar parado se torna motivo de vergonha. No buraco sem fim da autodepreciação e a ânsia por sair daquele estado frágil, reflexões convolutas pavimentam um altar perigoso, onde não só mora o egocentrismo, mas talvez um dos piores males de qualquer alma quebrada: o escapismo.
Reconhecimento traz dor, uma dor que não se resolve socando um inimigo até cobrir a tela toda com sangue. Um tipo de angústia e desolação que transforma egoísmo em um porto seguro. Abraçar seus defeitos não é mais o suficiente, a partir de agora, é necessário se fechar a tudo que te lembre do que você menos gosta em si mesmo. Sem desculpas, sem carinho e muito menos compreensão. O caminho é difícil e não há justiça na terra do perdão. Se torna hora de erguer a cabeça, encher o peito e partir para o mundo, onde ninguém irá te parabenizar por fazer o necessário, ainda mais almejar redenção.
Não se trata de seguir um rumo, acompanhar uma jornada estreita em busca de superar o passado, apenas se provar como alguém merecedor de reconhecimento, uma grande parede cinza e sem vida, porém impenetrável.
O quão mais alta, intimidadora e inacessível se tornar, mais fácil fica sobreviver. Ao custo de tudo que te faz sentir vivo, ou simplesmente qualquer coisa que faça estar vivo valer a pena, o medo de se curvar e usar a sensibilidade para conquistar falhas cresce assim como o ego. Sentimentos são vistos como ferramentas, ao nunca se considerar o que eles dizem sobre você. Essa que é, a maneira mais fácil de contornar o conflito que realmente merece atenção.
Desesperadamente queimando pontes para decepções e tentando controlar o indomável, a toxicidade viril beira dissonância cognitiva ao fugir de tudo que é sagrado, se escondendo do mundo e tentando recomeçar sem nem mesmo fechar portas passadas.
Os problemas realmente começam a aparecer quando a brutalidade deixa de ser a resposta para tudo. As complicações só aumentam a cada novo passo e resolver tudo na mão já não tem mais efeito. O poder trêmulo do vigor fantasioso se desmancha completamente quando uma simples conversa com algo tão frágil, inocente e completamente falho, desmorona a certeza e revela a fraqueza de alguém que não tem coragem de aceitar qualquer coisa com conotação negativa.
Tal fragilidade que corrompe a magia por trás do exemplo mais forte e revela as engrenagens por trás de algo completamente falho, e por consequência, humano.
Enfrentar seus medos não significa ignorá-los, seguir em frente só tem relevância quando se realmente supera a queda anterior. Ao se esconder de tudo que o torna defeituoso e sustentar as vigas de seu ego, um homem vende sua alma para transbordar o tipo mais patético de confiança, aquela que bloqueia a fase mais fundamental do crescimento e impede de enxergar a continuidade dos seus atos.
O medo das consequências e a busca eterna para a auto-validação, torna o reconhecimento de força como sua ferramenta mais frágil.
Um escudo xexelento, aquele símbolo de autodestruição que apenas o sujeito não consegue identificar.A beleza confortante de que tudo tem um fim, e nada após o sangue, destruição desenfreada e corrupção vive para sempre.
Depois do sangue, da destruição desenfreada e a corrupção interna, resta o que?
O pior de tudo, talvez, é chegar ao outro lado e das cinzas surgir a realização cruel de que, algo tem que existir.