Quem poderia imaginar que um modo história em um jogo de futebol daria tão certo? Fui jogar The Journey — o novo modo carreira de FIFA 17 — com expectativas bem baixas e acabei encontrando uma surpresa bastante gratificante.
A história de Alex Hunter, contada através do poderio da Frostbite Engine, guia o jogador desde os primeiros anos de base — lá nas categorias de base, junto com seu inseparável amigo Gareth Walker — até sua glória na Premier League e FA Cup, passando por momentos como a contratação do primeiro agente e empréstimos a times menores, tudo isso durante uma única temporada na qual você também terá de se preocupar com muito mais do que apenas sua performance em campo.
Durante a história, além de você precisar participar dos treinos — sim, aqueles mesmos que você joga entre as telas de loading ou aqueles que você utiliza para “aprimorar” o seu jogador no modo Carreira — para melhorar as habilidades de Alex e definir se você começa o próximo jogo no banco ou como titular, é necessário lidar com fatores extra-campo. Seu comportamento durante as entrevistas com a imprensa — que funcionam como curtos diálogos no estilo de Mass Effect — afetam a personalidade de Hunter, seu número de fãs e o relacionamento com o técnico.
Entretanto, o que mais me surpreendeu em The Journey foi a forma como a história é contada. Escrita com a consultoria de jogadores de futebol e seus biógrafos, o enredo é cheio de situações reais como conflitos internos no time e amigos se tornando rivais, o que acaba aumentando bastante a carga emocional do jogo e faz com que o jogador do lado de fora da TV realmente se relacione com Alex e sinta suas dores ao longo da temporada.
E se em meu texto comecei falando sobre o modo história e não pela jogabilidade foi porque, ao meu ver, as mudanças nas mecânicas principais de jogo foram bem pouco significativas. Não que isso seja algo ruim, já que FIFA 16 era bom o suficiente e os pequenos ajustes na inteligência artificial, física e mecânicas de colisão são o suficiente para tornar a versão desse ano ainda melhor nesse quesito. A única mudança mais pesada fica na cobrança de faltas e escanteios, que foi reformulada em FIFA 17 dando mais controle ao jogador, que agora pode controlar melhor o posicionamento do cobrador (e sua corrida) e dos jogadores na área.
Outra grande novidade do jogo desse ano é a engine Frostbite (utilizada em jogos da EA como Battlefield 1 e Battlefront) que consegue gerar cenas magníficas, com ricos detalhes do estádio e seus arredores, da torcida, dos jogadores e até mesmo do técnico (novidade desta nova versão), além das cutscenes detalhadas de The Journey. E apesar dos efeitos de iluminação de um dia ensolarado ou até mesmo dos holofotes em uma noite escura darem mais beleza e realismo ao jogo, durante a maior parte do gameplay não podemos aproveitar de tudo que a engine oferece, já que quando a câmera está tão afastada do campo não dá para perceber tanta diferença entre a Frostbite e a IGNITE, o motor gráfico que a franquia utilizava até então.
Em resumo, apesar da baixa expectativa de muitos (eu incluso), FIFA 17 se saiu muito bem. A interface e jogabilidade no geral parecem ser um “mais do mesmo” levemente melhorado, mas, como todos os jogos da franquia, ainda consegue ser bem divertido. O modo história foi incrível e me fez lamentar por cada derrota e vibrar por cada conquista na carreira de Alex Hunter. A Frostbite também não fez feio e resultou em um belíssimo jogo de se ver, apesar de ser a primeira vez que a engine é utilizada para um propósito tão diferente como é o de um jogo de futebol. Claro, isso deve mudar nos próximos jogos, com a equipe mais entrosada com a nova engine e com isso trazendo jogos bem mais realistas, afinal, estamos nos aproximando da era dos jogos fotorrealistas, não?
Análise realizada com base em uma versão do jogo para Xbox One cedida ao Outer Pixel pela EA Games Brasil.